terça-feira, 18 de novembro de 2014

O amor não tem pressa...


Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios no ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

(Futuros Amantes - Chico Buarque)

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Tédio



Passo pálida e triste. Oiço dizer
"Que branca que ela é! Parece morta!"
E eu que vou sonhando, vaga, absorta,
Não tenho um gesto, ou um olhar sequer...

Que diga o mundo e a gente o que quiser!
-O que é que isso me faz?... o que me importa?...
O frio que trago dentro gela e corta
Tudo que é sonho e graça na mulher!

O que é que isso me importa?! Essa tristeza
É menos dor intensa que frieza,
É um tédio profundo de viver!

E é tudo sempre o mesmo,eternamente...
O mesmo lago plácido,dormente dias,
E os dias,sempre os mesmos,a correr...


(Florbela Espanca)

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Eu estava aqui o tempo todo...


Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar,
Te vejo sonhando e isso dá medo,
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar, ao menos mande notícias
Você acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

(...)

Só por hoje não quero mais te ver, 
só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar

(Pitty)

sábado, 25 de outubro de 2014

Meu Silêncio


Pai, quero dizer te amo
Mas eu não sei como
E assim as coisas lindas
que eu preciso dizer
permanecem escondidas
no silêncio do meu ser

Pai, quero dizer que te adoro
Mas quase sempre eu choro
E assim a melodia da mais linda canção
permanece prisoneira dentro do meu coração

E eu não consigo falar
Eu só consigo chorar
Não encontro as palavras
A minha voz se cala
mas o meu silêncio quer te adorar

E o meu silêncio vai soar aos teus ouvidos
Como canção de melodia inexprimível
Como poesia declamada pelo Espírito
pra te adorar ó Deus, no silêncio do indizível

Quando me faltarem palavras
para expressar o meu amor por Ti
Que o meu silêncio fale mais alto por mim

(Marina de Oliveira)

Querido Pai, 
Aceita o silêncio do meu coração contrito, como uma oração de louvor à Ti. Neste momento eu anseio pelo Teu toque. Acolhe esta tua filha pecadora, e oferece o aconchego do Teu colo...

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O beijo e a Flor


Encontrei um amigo
à procura de um amor
Lembrei da tua flor do cosmo
E o fiz um favor...
Encaminhei para ti o apaixonado.
Porém, peço que não sejas malvado!
Facilita o contato.
Pois, este terno encontro
Entre o beijo e a flor
Pode ser o despertar
de um singelo e verdadeiro amor!



(Ao Poeta "V", fonte de inspiração destes humildes versos)


domingo, 15 de junho de 2014

Devaneios de um domingo a noite...


Disseram-me hoje, assim, ao ver-me triste:
“Parece Sexta-Feira de Paixão.
Sempre a cismar, cismar de olhos no chão,
Sempre a pensar na dor que não existe…

O que é que tem?! Tão nova e sempre triste!
Faça por estar contente! Pois então?!…”
Quando se sofre, o que se diz é vão…
Meu coração, tudo, calado, ouviste…

Os meus males ninguém mos adivinha…
A minha Dor não fala, anda sozinha…
Dissesse ela o que sente! Ai quem me dera!…

Os males de Anto toda a gente os sabe!
Os meus …ninguém… A minha Dor não cabe
Em cem milhões de versos que eu fizera!…

(Florbela Espanca)


Sinto que, assim como Florbela, sou uma incompreendida... Carrego em minha alma uma inquietude que não sei explicar, só consigo sentir, e ninguém a percebe em mim.
Estou sempre em busca de algo que não sei o que é, nem onde encontrar. Sinto-me perdida em meus devaneios...
Não me incomoda a solidão dos meus dias. Fiz as pazes com a solidão. Gosto dela e ela parece gostar de mim...
Em meu peito há uma confusão de sentimentos. 
Será insanidade? Será tristeza? Será eu mesma?...
Penso onde me perdi... Em que momento da minha vida perdi o controle de mim mesma? Em algum momento já o tive?
Devaneios... devaneios...